10 de março de 2014

O prejudicial reduto religioso.

Talvez como fruto do bom convívio e constante diálogo, talvez como herança de um passado tradicional, talvez como consequência da má interpretação de diversos textos bíblicos, os cristãos tendem a criar um reduto social, um grupo seletivo que somente permite a entrada daqueles que se enquadram nos padrões de fato pregados por Cristo e encontrados na palavra de Deus. Somente são aceitos aqueles que conseguem manter um status de integridade, sinceridade e santidade, dentre outros, perante essa sociedade sem rumo e esperança.

"A união faz a força e não somente açúcar" - Um ditado popular bastante conhecido de todos, chega a ser clichê. E é totalmente verdadeiro. É importante estarmos juntos, nos acompanharmos e trocar-mos testemunhos. Como Paulo disse, é necessário confessarmos os nossos pecados uns aos outros e rogar-mos aos irmãos, as irmãs, uma ajuda em oração, em jejum, talvez um conselho, esse diálogo precisa estar sempre vivo em nosso meio, a união é o que nos mantém firmes sobretudo, mas o problema é que esse reduto tende a afastar as pessoas.

Indiretamente, as vezes sem nenhuma percepção, nosso grupo afasta as pessoas que se sentem diminuídas e incapacitadas de iniciarem uma aproximação, pelo fato de não falarem da mesma forma, não vestirem-se da mesma forma, não possuírem os mesmos costumes e os mesmos objetivos.

Outras vezes mesmo tendo conhecimento disso, alguns irmãos opinam por manter-se nesse casulo de falso cristianismo - logo explicarei essa afirmação - porque interpretam de maneira errônea o que a palavra de Deus fala a respeito dessa inclusão. Tanto do ímpio a igreja quanto da igreja na sociedade. É uma via de duas mãos. 

É uma via de duas mãos justamente pelo casulo que mencionei. Hoje em dia, principalmente nas denominações mais tradicionais, e porque não dizer nas denominações pentecostais, na nossa Assembleia de Deus, convivemos com diversas barreiras que impedem essa inclusão. É bem verdade que não podemos nem devemos frequentar certos lugares, manter certos relacionamentos e hábitos, mas o extremismo para ambos os lados é extremamente prejudicial ao crescimento do evangelho.

A bíblia diz: "Vós sois sal da terra e luz do mundo". Mt 5:13-14.

Esse verso é constantemente interpretado como a diferença que precisamos evidenciar perante a sociedade, o exemplo que precisamos apresentar, o bom testemunho e por aí vai. A maioria dos irmãos o pregam dizendo: Não podemos ser igual ao mundo, não podemos ser igual as trevas e todas as outras coisas. 

A pergunta é: Qual a noção de sermos sal no saleiro? Ou luz, quando há um sol escaldante de verão?

Qual o motivo de apresentar-mos a diferença na nossa igreja, onde todos somos iguais?

Precisamos de fato ser diferentes, precisamos ter o DNA de Cristo em todos os seguimentos da nossa vida, mas precisamos mostrar isso lá fora. Na rua, no mundo. E não o vamos conseguir se nos fecharmos nesse casulo dos intocáveis. 

Afastamos as pessoas pelo nosso reduto social. É um fato horrível, dotado de egoísmo e preconceito, com uma imensurável falta de amor.

É o bullying Cristão. 

Precisamos aceitar, muito mais que transformar. O processo de mudança na vida de uma alma incia-se automaticamente quando ela/ele sente-se bem na casa de Cristo, com os filhos de Cristo. 

Enquanto estabelecermos barreiras para o mundo chegar a Cristo, o evangelho sobreviverá, de fato. A igreja sobreviverá, ela é de Deus. Mas tudo acontecerá de maneira muito mais lenta, numa escala muito menor do que poderia ocorrer.

Em Cristo, por Graça,

Murillo Vinagre.

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