Nós normalmente temos uma visão pessoal a cerca de tudo. É nosso jeito, as vezes é a única visão que conseguimos ter e a única forma de pensar que conhecemos. As vezes ampliamos nossa visão a cerca de algumas coisas mas, em momento de crise ou dificuldade, a pessoalidade volta com muita força. Essa visão pessoal pode nos levar, muitas vezes, à um egoísmo excessivo e nos impedir de entender o todo de algumas situações. Exemplifico:
Quando o corona chegou, nós pensamos logo em quem nós conhecíamos dentro do grupo de risco, talvez em familiares nossos, pessoas que amamos e por conta do todo, corriam risco de vida. Por isso, de imediato, aceitamos que a melhor opção era mesmo ficar em casa. Entretanto, em uma pandemia como essa, essa visão pessoal pode NOS (os que você conhece e os que você não conhece, todo mundo, o Brasil e o mundo, os do grupo de risco e os de fora do grupo) atrapalhar, prejudicar, machucar e matar muito mais! Frente a um evento de escala global, precisamos de uma visão também global, e essa visão global precisa ser mais pragmática, mais matemática. Ela é:
Se no Brasil tivermos 1milhão de casos de coronavírus (número absurdo, sem precedentes, atualmente temos 422mil casos no mundo todo), metade dos infectados (500mil) vai contrair o vírus, será curada e nem saberá que um dia o teve (estou sendo pessimista, normalmente 80% nem sentem sintomas). A outra metade, (outros 500mil), contrairá o vírus e terá sintomas graves. 10% dessa outra metade que teve sintomas graves, ou seja, 50mil (10%), poderá morrer. Infelizmente. (Essa taxa de mortalidade é absurdamente exagerada. A Itália, que tem a maior taxa, tem 9,25%; a Alemanha tem uma taxa de mortos infectados de 0,35% e o Brasil, atualmente, tem mortes em 1,55% dos casos).
Por outro lado, se nós ficarmos em casa e evitarmos isso, 40 milhões de pessoas vão ficar desempregadas. Digamos que desses 40 milhões, 1% (um por cento, porcentagem muito otimista) entrem em estágio de extrema miséria e, seja por depressão, seja por fome e desnutrição, seja por falta de saneamento básico e moradia, seja por falta de dignidade ou por conta dos altos índices de criminalidade (já que alguns roubarão/matarão pra viver), morram: 400mil (QUATROCENTAS MIL) pessoas terão morrido.
Logo, dizer "saia de casa" pode parecer algo muito egoísta mas, um raciocínio lógico nos faz entender que, ficar em casa é muito mais perigoso, e muito mais egoísta, muito mais mortal! Nós ficamos em casa, na maioria das vezes, por conta daqueles que conhecemos, por conta do nosso olhar pessoal, com medo de que os nossos estejam dentro desses 50mil (e se você tem contato direto com alguém que seja tipificado no grupo de risco, por favor, fique em casa) mas, deveríamos sair (caso não sejamos tipificados em grupo de risco, nem tenhamos contato direto com quem é) justamente por conta daqueles 400mil que morrerão e não conhecemos. A frase "fazer o bem sem olhar a quem" nunca fez tanto sentido.
Por conta de um olhar global que nos faça entender que talvez, levando em consideração nossa postura, nossa fé, nossos recursos, nosso conhecimento, nossa formação, nossa personalidade ou nosso emprego eu e você, possamos sim superar a crise que se avizinha mas, 400mil pessoas (adultos, idosos, mulheres, homens, crianças, bebês) não superarão, é que eu digo: SE VOCÊ PODE, SAIA.
Pra ser bastante claro e objetivo, em um cenário como esse: Se você ficar em casa estará salvando 50mil e/ou matando 400mil. Se você sair de casa estará matando 50mil e/ou salvando 400mil. Definitivamente, não é uma decisão fácil. Quando se trata de vidas, é muito estranho incluirmos números mas, infelizmente, dentro desse cenário que, eu creio, Deus permitiu pra nos ensinar alguma coisa, essa contabilidade desgraçada se faz necessária.
Nossa maior hipocrisia (nós que não estamos em nenhum grupo de risco) é dizer que ficamos em casa por conta dos outros. Não. É mentira. Se as nossas atitudes fossem por conta dos outros, nós sairíamos. Nossa decisão de ficar em casa é por nós mesmos, pelos nossos familiares e amigos, pelo nosso reduto (e todas as vezes que eu penso nesse pessoal, eu quero muito ficar em casa). É uma decisão egoísta, pessoal, limitada (repito, caso você não esteja no grupo de risco, nem tenha nenhum contato com quem esteja).
No fundo, sair, trabalhar, viver, comprar, gastar, é uma questão de amor a um próximo que você não vê, e generosidade. Você só precisa levantar um pouco os olhos e olhar além!
Por fim, sem dúvidas nós estamos em uma guerra contra o vírus e pensando nisso digo, toda guerra tem decisões difíceis e sacrificiais. Nós, que estamos agora na linha de frente, muitas vezes não as entendemos mas, quem precisa tomá-las, entende. O Presidente Bolsonaro está sendo muito criticado pelo pronunciamento de hoje por conta das decisões difíceis que ele tem tomado. Não foi um pronunciamento popular, não foi um pronunciamento que o ajudará na eleição, não foi um pronunciamento que a maioria gostou mas, foi um pronunciamento necessário e eu o admiro pela coragem. Talvez, se eu estivesse no lugar dele, não teria coragem de dizer o que ele disse.
Você pode não concordar com ele, você pode não concordar comigo mas, ao menos, compreenda: Ambas as decisões (ficar em casa ou sair de casa) são para salvar vidas, nós concordamos nisso. Ambas decisões são para vencer a guerra, é o que a gente quer! A dúvida é: Qual decisão salvará mais? Qual decisão nos fará vencer?
Em uma guerra, nem sempre o mais forte vence mas, em uma guerra, o mais inteligente sempre vence!